quinta-feira, 5 de julho de 2007

Vela, iluminai

Velas iluminam. Podem ser de formas diversas, de tamanhos diversos, exalarem cheiro ou não. Diferem em cores também. Uma vela para um poeta num breu é salvação. Uma vela, apenas uma vela. Sabe-se que elas se acabam. Vão diminuindo, diminuindo, até cessar sua luz. Tudo se dá pelo fogo. O fogo no pavio, o pavio entre a cera, a cera permite a forma. Sem cera não teria sentido o pavio, sem pavio não teria sentido o fogo. Todos nós somos velas. Sem nossa duração não há sentido em viver, sem nosso viver não há sentido em corpo. O corpo é equivalente à cera, pois é o externo, é o que se degrada. Ela perde seu sentido, se dissipa ao término do pavio. O pavio, por sua vez, é nossa duração. Pode ser ele curto, pode ser ele longo, um dia ele acaba. O fogo é a intensidade de nossa alma, nossa verdadeira vida. Somente por ele se dá a luz, diferindo ainda em intensidade. Quanto mais intensa for sua alma, maior será sua resplandecência, maior será sua luz. A luz que ilumina o breu de um poeta que anseia em escrever, sua salvação. Todos nós somos velas. Nosso poder de iluminação e nossa fumaça de término de pavio equivalem às nossas experiências, nossos desejos mais secretos, nossos anseios mais profundos. Portanto, iluminai. E o faça intensamente.

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