segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Passaportes Desexistenciais


‎Viajar e despertencer a todas as certezas do mundo é abrir-se ao inesperado que formata o universo e toda essa agonia gostosa, sedutora, que a gente chama de vida. Deixemos as convenções aos certos e abramo-nos às incertezas mais certas que compõem nossos instantes eternos tendo em mãos, imprescindivelmente, nossos passaportes. Pois, ao passarmos pelas vidas que vivemos (seja no presente do indicativo ou pretérito perfeito), portamos aquilo que nos compõe a cada fascículo de nossa existência. Então. que seja carimbado nas margens dos territórios por ali passados ou sonhados: ôde à criação e à invenção, ôde ao despertencimento do si, ôde a meus múltiplos !

terça-feira, 5 de junho de 2012

Carta de reconciliação

                                                                                                                  Vitória, 12 de abril de 2010
Olá velho amigo,

Tão perto, mas também tão longe de mim você estava. Quantas vezes pensei em me apoximar mas sempre exitava. Não era por medo, mas também não sei descrever o que me impedia de te procurar.

Tanta coisa guardamos sem necessidade. Tanto se fala, mas pouco se diz. Tantos pensamentos que são apagados por outros sucessivos e frequentes. E você lá. Ou melhor, bem aqui. Quieto, calado, deixado para trás à espera de um gesto meu. Saiba, porém, que me és muito importante. És o que sou despida, tens o que tenho de mais carnal, seco e úmido. Tanta coisa tenho a te falar.

O mundo ainda é mundo, mas não aquele que conhecíamos. Ao passo que é muito mais, também é muito menos. Mais tecnológico, com mais novidades, mais moderno. Mas ao mesmo tempo (ah, o que seria o tempo...), a cada instante menos acolhedor, menos "colo de mãe". Bom, há quem diga que o mundo nunca foi "colo de mãe"... A natureza se despede a cada dia. Mas, ao contrário do que se pensa, quem realmente diz goodbye é o próprio homem.

Bom, muito bom rever-te e lembrar que ainda estás aqui para me acalentar.

Meu caderno, meu amigo, meu retorno.

Silenciar

É na sobriedade do silêncio que somos mais sábios.

Musicando

Música. Por ela minha alma canta e me liberta nessa casca tão mutável. Com ela renasço mesmo sem nunca ter morrido. Quando ao piano, jazem em suas teclas minhas tristezas à medida que os dedos rezam como um canto para que este desagrado do ser nunca volte. E, ao passo que renasço, solto um grito em lágrimas de suor. 
Dormem, então, minhas aflições.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Bola de sabão

Ela era uma mulher que gostava muito de nadar e gostava muito de voar. Todos sabiam que ela não tinha lá seus pés muito no chão... então isto explicava as duas paixões tão antagônicas na vida dela.

Tudo era a mesma rotina, seus desejos e anseios sempre conflitando-se, mas ambos impedindo-a de ter finalmente seus pés no chão.

Existia um mirante que tanto lhe dava calma. Ele a maravilhava, pois havia lá o encontro do céu com o mar. “É bem apertadinho”, dizia ela, “mas está lá! Eu vejo! Você não vê?” .

Um dia, um dia bem qualquer daqueles em que você se pergunta o porquê do mundo ser tão bege, lhe surgiu uma epifania. “Entre o céu e o mar... lá estou eu de verdade!”. E lá se foi desvairadamente se encontrar com suas duas paixões: o mar e o ar.

Tantas aventuras, tantos casos a contar, tantas pessoas conheceu... mas nada a fazia chegar aonde queria. E lá se vão mais aventuras, e lá se vão mais e mais desafios, lá se vão mais pessoas... ela não chegava aonde queria.

Cansada, frustrada, desmotivada, ela voltou... e se deu conta de que as paixões da vida são feitas daquelas bolhinhas de sabão de quanto éramos crianças: quanto mais se pula para alcançá-las, mais alto elas vão... não duram pra sempre.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Alternativa

Nos dias de hoje só há uma alternativa:

get real or get lost...

Hard to accept

With no make up, there's no wake up!
That's why I sleep like this...