domingo, 16 de setembro de 2007

O mais velho novo.

Tudo é novo. Tudo deve ser novo. O homem contemporâneo é assustado, ansioso, moderno, futurista. Retroceder é pecado, mesmo não existindo tantos pecados ultimamente. O homem busca o novo, o velho é irracional, estranho, inútil. Novo. Novo. Novo. Tudo agora deve ser atualizado, tudo deve ser virtual, a vida é fulgaz. Pressa, compromissos, estresse, novo, moderno. Livros só se forem nos ônibus, todos agora têm seus mp3, seus ipods, o silêncio é incômodo, atrapalha a ansiedade, atrapalha a escuta interior. O interior é pecado, ouvir o interior é velho. Papel é inútil, tudo é virtual, porque é novo. Celular se vê nas esquinas, máquinas digitais são quase de graça. A moda agora é de avançados megapixels, a moda agora é mp4, a moda agora é moda. Viva o novo, despreze o velho. E assim o homem contemporâneo vive. Com pressa, correndo, estressado, compromissado, virtual, deprimido. Não possui mais tempo para si, não possui mais tempo para papel. Tempo? O que é isso? As árvores agradecem, os pobres não. Os pobres ficam mais pobres com o novo, se endividam para estarem atualizados. Porque o novo agora é moda, o novo é o que presta. Novo. Novo. Novo. Crianças hoje são adolescentes, adolescentes são adultos e adultos já possuem sintomas de velhice. Os velhos? Interne, não servem mais para nada, são velhos. O que eles não sabem é que se envelhece a cada momento. O novo só existe por um instante. O novo que me referi anteriormente já é velho. Nisso o homem moderno surta. Novo. Novo. Novo. Busque sempre o novo, assim ele jamais desaparecerá. Novo. Novo. Novo. Todos eles agora estão velhos. O presente é inútil, o futuro é a busca. É tentar secar gelo. O que o homem contemporâneo teme pensar é que assim crescem os números de depressões, síndromes do pânico. Graças à incessante busca ao novo. Depois da morte não existe tempo, não existe novo, não existe velho. Acho que é por isso que a morte é o maior medo da humanidade. Porém a vida acaba. Tudo é rápido, não há tempo. Até que chega a morte. Enfim, o fim.

sábado, 15 de setembro de 2007

Eutanásia ao senso comum

Sou assim simplesmente por não atender à esse seu life style. Posso ainda ter esse seu jeito fútil de falar da vida alheia, mas garanto, não sou assim como você. Não tenho longos cabelos lisos, mechas vermelhas ou loiras, embora os tivesse extinguido há umas semanas atás. Não tenho esse seu poder fútil de me fotografar a todo instante, embora tenha feito isso há tempos não muito distantes. Não tenho essa mentalidade do fácil que só você tem, mesmo tendo feito isso antes. Por enquanto estou livre, porém pago um preço alto por conta disso. Vivo ainda na realidade de joio ou de trigo, mas cabe a quem observa e a quem vivencia escolher tal posicionamento. Tenho cabelos cheios e cheios de cachos, olhos pequenos e grandes olhos caídos (isso graças ao meu belo Ray), largo quadril e fina cintura. Tenho a certeza de que estou no lugar certo, com pessoas certas, mas em certas horas. A você deixo apenas um good bye com uma singela e provocante piscadela. Cabe a mim lhe trazer flores. Não estou no extremo, não sou igual a você e nem sou uma libertária sem causa. Há anos não me enxergava no espelho, via uma qualquer, sem tom. Durma em paz e não se apresse em acordar. Meu senso comum está em coma, aqui dentro de mim. Eutanásia nunca me foi tão bem vista.

Loucura cura

A loucura não existe, foi inventada para nos diferenciar daqueles que fazem o que querem na hora em que querem. Porém se existir, nenhum de vocês seriam loucos, eu sim. Todos parecemos normais, mas somos um bando de doidos que fingem normalidade. Somos falsos. Temos loucura nos nossos desejos, temos desejos em nossa loucura. Se loucura existir, prefiro ser louca, pois o normal é entediante. Prefiro viver de prazeres a escondê-los por conta de uma moral que os nossos queridos normais inventaram, mas não a vivenciam. Duvida? Se esconda ou apague a luz então. Você se surpreenderá. Se loucura existir, seja louco, pois doidos são os normais.

Meio termo

Gosto do termo Meio termo Não gosto de pessoas fúteis Nem de eloqüentes demais Ambas vivem vidas inúteis Cheias de momentos banais.

Melancholy Serenade

It's just the way I am, And it's just the way I like to be. I just felt a kiss on my face And you've just desapeared. I got the blues when you said me "teke care" Just waiting for you, please come back. Ella sang me some Melancholy Serenade And I'm here, by the way I like to be waiting for some "I missed you so much".
Picture: Ella Fitzgerald, the Lady of Jazz

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Clássica primeira aula de filosofia

Clássica primeira aula de filosofia: quem sou eu? Quem poderá me dizer quem ou o que sou? Penso pior, se sou. Se sou uma menina mulher ou uma mulher menina? Ou simplesmente uma menina? Ou simplesmente uma mulher? Ou se sou uma alma perdida (in)conseqüente(,) de efeitos borboletas dessa vida pagã? Sou como o que poderia ter sido ou o que já fui. Completa por ser incompleta (amor); incompleta pode ser completa (sonhos). Sou o que fui e o que serei, sou o doce que almeja algo salgado e o salgado almeja algo doce. Sou um sorriso de epitáfio feito por cordas de cobre e blocos de marfim.

sábado, 25 de agosto de 2007

Musicalma

Música. Por ela minha alma canta e se liberta de minha casca tão mutável. Com ela renasço mesmo nunca tendo morrido.
DÓrmem todas minhas tristezas. RÉzo com um canto para a MIm nunca voltarem. FÁço isso sempre quando preciso, e SOLto um grito em LÁgrima. SIm, relaxo, renasço. DÓrmem também minhas aflições.
Enquanto repouso minhas mãos sobre o piano, descanso minha tão inquieta alma.

À Sra. Morte

A vida é um verbo. Viver. Implicitamente dá-se outro. Ser. Por tal fato, não vejo razão em dormir, vai de encontro com crenças minhas. Dormir depende de sono, o sono é um artifício da morte. Quando dormimos nada somos, não sei também se vivo. Dormir definitivamente não provém da vida, e sim da morte. O sono é traiçoeiro, nos enfeitiça com esperançosos desejos guardados profundamente. É tão poderoso que liberta os grilhões do nosso inconsciente, vence a nossa própria mente, o faz em segredo. É também teimoso! Quando nos privamos dele, castiga nosso corpo nos fazendo cansados. Alguém por um acaso gosta de sair por aí com duas olheiras gigantescas como abre-alas? A morte nos ronda se fazendo mistura no presente e no porvir, se apodera da fraqueza de nosso corpo através do verbo dormir. Porém, quando somos libertados do poder do sono, acordamos a cor dando à vida, como numa celebração ao abandono da ausência de tudo. Sim, a vida é um verbo. Então, cuidado. Seja! Apenas viva! É por isso que tento não dormir. Na madrugada vivo o intenso, como num gracejo por ludibriar a senhora do nada e do maior temor da humanidade. Rio na cara da morte, com uma xícara preta de café.

Não durmo

“Não durmo. Não durmo. Não durmo. Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma! Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!” Insônia - Álvaro de Campos
Não há dia mais melancólico que domingo. Eu mais uma vez escrevo em prosa, quando meu objetivo é fazer versos. Lembrei de um poema de Pessoa, pois tenho sono e não durmo. Tentarei uma poesia então.
Estou com sono e não durmo. Como? Não sei. Tento fazer meu pensamento parar. Concentre-se no ventilador. Sim, pois ventilar é obrigatório. Por quê? Não sei.
Sei que não ando cumprindo muitas obrigações. Ultimamente só ando pensando Nos desejos desejados, Nos beijos não dados e roubados, Em coisas que meu pobre pai teme que aconteça.
Concentre-se no ventilador. O por quê? Estou com sono e não durmo. Culpada é a cafeína, meu vício maior depois de escrever. E eu até arrisquei pegar um cigarro. Para quê? Acender.
Como estou cansada! Lógico, estou com sono. Porém, não durmo. Até minhas paixões estão mais brandas. Isso também é preocupante. Como pode uma paixão abrandar? Culpado é o cansaço físico e mental. Preciso dormir! Para quê? Só sei que preciso.
Volto para o computador em busca de algo. Quem eu encontro? Vinícius, velho. Sarava! Sei, são demais os perigos dessa vida, principalmente àqueles que têm paixão. Nem dormir conseguem! Displicentemente voltei para a prosa.
É, bem sei que é melhor ser alegre que ser triste. Triste como Florbela. Como me identifico com essa portuguesa! Quantas vezes desejei, Depositar nos lábios, Os beijos que recebi nas mãos. Quantas vezes sonhava comigo, indagando: Meus versos inspiram almas apaixonadas?
O ventilador não tem mais nenhuma importância. Meu sono já vai indo Assim como Viviane Álamo, O que se espera, mas se teme.
Será que viramos pedras quando morremos e dormimos seu sono eterno? Seremos como pedregosas lembranças nos caminhos das pessoas, as quais pensam que já nos fomos? Grande Drummond. Casaria com você se pudesse. Voltei à prosa! Mas que coisa! A horas não passam. Estou com sono e não durmo. Por quê? Não sei. Assim como não sei porque pedras existem. E passo a noite e me perguntar e responder vagamente. Para quê? Levantar e pegar mais café.

Para os viciados

O prato está vazio e sozinho. À frente dele, o café. Devo eu buscar O que me alimenta o corpo ou O que me alimenta a alma?

Mais um anoitecer na Costa

Sábado, 21 de Julho de 2007.
Um dia comum, com um céu azuladamente claro. O Sol chega a gritar de tão esplendoroso e, como os dias, existem também os anoiteceres. Estou em frente à imensidão azul, estou na praia, estou no mar. Pensando no que sinto, indagando se veio de súbito ou se só me dei conta de tal pensamento agora. Avaliando o que sou e o que fui. O mar se expressa nesse exato momento como estou. Revolta, agitadamente instigada. Tento avistar o horizonte, mas só enxergo a mim mesma, infelizmente. As areias, tão sóbrias e pálidas, imploram pelo reconhecimento dessa grandiosidade à minha frente. Agradecem ao vento pelo aconchego tátil, elas que são tão esquecidas. Que bela é essa grandeza azul, que canta nos meus ouvidos uma canção que só os apaixonados ouvem. A revolta chega a ser suave, as ondas não se cansam de cantar. Que eu seja como essa imensidão de emoções, que com o mar eu aprenda a amar. O Sol se despede com penosos raios, os quais vejo cada vez mais amarelos, dos quais sinto cada vez mais pena. O céu vai se vestindo de negro com diamantes estrelares, à espera da tão melancólica e apaixonante Lua, a qual de tão amarela, chega a ser azul tão. Que com toda sua imensidão exprime, em cada extremidade sua, o penar sobre os que a admiram. E o Mar, que de dia se fez tão azul, se enegrece, se adormece e se recolhe, para que no final e quase ausência de madrugada, grite revoltosamente, ensurdecendo ainda mais a realidade daqueles que se amam, embalando ainda mais o sono daqueles que dormem. O culpado é o Vento que, de tão solitário, se encontra com tudo, com todas as coisas. E ainda assim é sozinho, e sempre será. À medida que o Sol se vai, a praia é dos apaixonados, sejam dos frustrados, dos esperançosos, dos em stand by, ou mesmo dos que vivem intensamente uma paixão. Como é bela a praia se despedindo do Sol. O vendo chora, fazendo a grande imensidão se manifestar, cantando uma melodia de adeus. Venho à Costa para ficar comigo mesma, não falar nada, fitar a vida, sonhar. Escuto as lamúrias do choro da menina triste, vejo a alegria sortida do menino criança, sinto a nostálgica juventude dos velhos a conversar. E eu, com uma arma tão poderosa e desastrosa no peito, a despir um por um de suas cascas, como um autor de uma obra verídica, a qual é composta apenas de almas. O Sol vai descendo tristemente, se mostrando alegremente em outro lugar, com a alegria de simplesmente estar ali. Mais um casal passa à minha frente, e a menina que chora enxuga mais uma lágrima a expressar uma lacrimosa e nostálgica inveja dos dois. Sim, são demasiado melancólicos esses escritos, mas são de extrema melancolia os cantos do mar tão azul que, por causa do vento, se despede do sol. Esse que mais uma vez se vai.

domingo, 8 de julho de 2007

E ela a sambar

A vida se vê no céu azul. A moça perdida se encontra na praça, enquanto sofridos alegres fazem graça. Apenas por um samba surpreso, a moça se vê a dançar. Anos de tristeza são esquecidos, a essência da menina cacheada se põe a balançar aquela que busca no céu alguém para abraçar. Então ela solta os cabelos e um sorriso. Vê-se num vestido e a cantar que o mundo apesar de sofrido, possui a música para a alma alegrar. Até a rima se põe a voltar, com um ritmo tradicional a tocar. O céu azul agora vê a vida de uma moça que deixou de sofrida para Colombina com prazer nos pés a sambar. A banda que passava na praça admirava a criatura a bailar. O comandante propôs uma música para a donzela na sacada escutar. Junto com a banda, foi-se a tristeza, que ela reza para nunca mais voltar.
A moça triste que vivia calada sorriu A rosa triste que vivia fechada se abriu E a meninada toda se assanhou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Família real

São várias pessoas. Eu dou muitos passos. A vida é contínua, seguindo o tempo indissolúvel. Rostos são amigáveis, as palavras são gentis, mas só o Grande Mestre nos mostra realmente o que há de real nessas relações inter-pessoais. Sejam táteis, sejam virtuais. Não me importo. Dou-me por inteira, coração aberto, braços estendidos, ombros à disposição, palavras de consolo, mãos para acalentar o choro de um amigo necessitado. Digam, podem dizer! São muitas vozes que me alertam. “Só o berço é duradouro”, “sobrenome nada consegue desatar”. Estupidez! Família é composta por pessoas do coração, não por genes compatíveis. Isso é genética, oras! Só agora sou livre, sou eu, sou inteiramente feliz. Sim, sou feliz, não mais me aprisiono. Sinceramente, não foram os genes que me libertaram. Foram os intrusos, muito amados, do meu coração.

O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”.

O Grande Mestre é o tempo, as durações.

"Família" real, sem hierarquias, apenas coração.

Vela, iluminai

Velas iluminam. Podem ser de formas diversas, de tamanhos diversos, exalarem cheiro ou não. Diferem em cores também. Uma vela para um poeta num breu é salvação. Uma vela, apenas uma vela. Sabe-se que elas se acabam. Vão diminuindo, diminuindo, até cessar sua luz. Tudo se dá pelo fogo. O fogo no pavio, o pavio entre a cera, a cera permite a forma. Sem cera não teria sentido o pavio, sem pavio não teria sentido o fogo. Todos nós somos velas. Sem nossa duração não há sentido em viver, sem nosso viver não há sentido em corpo. O corpo é equivalente à cera, pois é o externo, é o que se degrada. Ela perde seu sentido, se dissipa ao término do pavio. O pavio, por sua vez, é nossa duração. Pode ser ele curto, pode ser ele longo, um dia ele acaba. O fogo é a intensidade de nossa alma, nossa verdadeira vida. Somente por ele se dá a luz, diferindo ainda em intensidade. Quanto mais intensa for sua alma, maior será sua resplandecência, maior será sua luz. A luz que ilumina o breu de um poeta que anseia em escrever, sua salvação. Todos nós somos velas. Nosso poder de iluminação e nossa fumaça de término de pavio equivalem às nossas experiências, nossos desejos mais secretos, nossos anseios mais profundos. Portanto, iluminai. E o faça intensamente.

Recomendações de uma pessoa feliz

Toda vida merece emoção. Toda pessoa merece reconhecimento. Todo o obstáculo tem superação. Viver cada instante intensamente é o melhor dos remédios. Todo coração merece pessoas de confiança Todo amor merece ser dividido Toda superação merece comemoração. Toda mudança é digna de se comemorar. Grite, pule, dance, beba, ou não beba, Mas acima de tudo, seja feliz.

Ele, somente ele

Você lerá uma história que mudou minha vida. Não é um simples relato, é uma experiência vivida. Sabe quando você se vê enfeitiçado, encantado por um sentimento que te domina? Que toma seu ser? É isso o que me aconteceu. Antes de tomar conhecimento de sua existência, eu vivia livremente, inocentemente, a vida fluía. Um dia tive o meu primeiro contato com ele. No começo era pouco atrativo, não via muito interesse em ficar muito tempo com ele. Os anos foram passando, o conheci melhor. Até um dia em que ele veio para minha casa. Entrou no meu quarto como quem não quer nada, me desafiando. Eu, como sou um pouco teimosa, admito, provoquei-o para var até onde ele iria chegar. Às vezes ele voltava, às vezes não. Confesso que ficava admirada com sua capacidade de atrair as pessoas. Nossa relação foi ficando mais forte, foi crescendo. Eu crescia, ele crescia também. Ainda me provocando, ainda me desafiando. Eu, como disse, teimosamente não fugi de seus joguinhos. Sou um tanto tinhosa em relação a desafios, mas com ele, com ele foi diferente. Ele me seduzia a cada olhar meu. Quando estava fora, imaginava meu regresso, o que iria contar a ele, o que ele iria me mostrar. Meu coração palpita quando escrevo essas coisas, pois nunca relatei isso a ninguém. Mas ele sabe o que sinto. Ele me conhece mais do que eu mesma. Hoje sei que faço parte dele. Ele me dominou, me seduziu, não sei mais o que faria se ele não estivesse do meu lado. Virou parte de mim e eu dele. Hoje somos um único ser. Uma única criatura, uma única maneira de viver. Já me disseram para não ter tanta dependência assim. Quando ele se for, ficarei perdida. Sei que posso conseguir outro, mas não será a mesma coisa. Não será o mesmo. Quando chego perto dele, minha atenção toma uma única direção, meu coração palpita, minhas mãos suam, minhas pernas não se contentam com uma só posição. Me desligo de mim e me conecto a ele. Passo a ser uma outra criatura, um tanto irreal, mas uma outra criatura. Ele me dominou. Me seduziu. Não vivo mais sem ele. Tornou-se parte de mim.
Faço uma pergunta a você, caro leitor. De quem pensa que falo? Ou melhor. Do que pensa que falo? De um homem? Não. Meu computador.

terça-feira, 3 de julho de 2007

METAMORFOSE DE UMA “BOA LARVA”

Imaginemos uma larva. Sempre muito bem criada, muito bem acessorada. Uma larva. Ela cresce muito exteriormente angelical. Todos pensam no exemplo de comportamento que ela manifesta. Gentil, amigável, sincera, carismática, religiosa. Não nos percamos do ponto de que ela continua uma larva. Porém, um pouco reprimida. Coisas no passado, que ficaram no passado, deixaram muitas marcas na pobre criatura. A dúvida da culpa sempre foi um fardo que ela carregava. A larva foi crescendo, crescendo. Na medida em que crescia, aumentam suas indagações internas, suas dúvidas letais, sua culpa aterrorizante. A larva se trava dentro de si. Sempre carrancuda, ela se fecha para o mundo e se acomoda no condicionado mundo de “boa criatura”. Até que ela conhece um outro ser que a encanta. Sua metodologia de vida, suas crenças são como um outro mundo, uma outra realidade, porém, muito almejada. Seria por uma certa inveja tal relacionamento? É uma possibilidade. Ainda não se perca nas palavras e lembre-se de que estamos falando sobre uma pobre e recalcada larva. O tempo passa, os relacionamentos se enfraquecem (esta é outra história a se contar). Influenciada, ela se perde no mundo devasso das responsabilidades não cumpridas. A larva toma seu primeiro tombo, se dá conta de que precisa evoluir, crescer, “deslarvalizar”. No mundo azul, no mundo capsular, ela começa a construir seu casulo. Ligeiramente, intelectualmente, verdadeiramente ela o constrói. Não tem idéia do quão necessário ele será. Em seu sono de maturidade, ela se transforma pouco a pouco. Uma nova experiência a domina. Ela se assusta, ela grita, ela chora, é tudo muito novo, a vida é muito rápida, tudo é inconstante. Mas seus sonhos e objetivos são certos. Calculados. Relatados. Pontuados. Não mais falamos da mesma larva. Aquela mesma recalcada, traumatizada. Chega a hora! Tudo a assusta! Deus socorra-a! Até que de um mau jeito, ela machuca sua pata. Tudo fica mais difícil, nada parece dar certo, nada parece ajudar. Mal sabe essa “quase-ex-larva”, que seu destino a espera. A luz ela vê pela primeira vez. Quem? A borboleta! Leve criatura, digna. Encontra a sabedoria de um mundo “descavernado”. Reluta, mas o mundo ideal a seduz, a vida sem paradigmas a encanta. Ela não será mais a mesma. Ela não é mais a mesma. Uma ressalva que não salvará ninguém neste mundo, nem mesmo a nossa nova borboleta: ao voltar para o ninho, se depara com larvas alienadas, preconceituosas, unilateralistas, neuróticas, Carismáticas, reprimidas, extremamente regradas. Essas larvas diferem em cor, posição social, religião, time, sexo, opção sexual. Não diferem, entretanto, em genoma. Coloque-se no lugar das mesmas. O que faria se a visse mudar tão radicalmente, ou ao contrário, transpassando seus radicais? “Comporte-se! Não está sendo uma boa-criatura! Não possuo mais domínio sobre você! Esse mundo subversivo te dominou? Isso não leva ninguém a nada! O que regala a vida é o sangue!”. Seria mesmo ela, prezada borboleta, que precisa de ajuda? O mundo é uma aspiração a si mesmo. Apenas aprendeu que certas regras, certos comportamentos, certas condutas não levam nada a lugar algum. Só contribuem a formar criaturas frustradas por não fazerem o que condiz a “boa ação”. Pois digo o que é de fato o bom de viver. É abrir suas asas e voar, sem pensar no que foi, no que será e no que poderia ter sido. Sem agradar a ninguém, apenas a si mesmo. É aprender a essência da vida, a essência do tempo, o valor de uma amizade. É viver com paixão, viver com prazer, viver para si, viver pelo simples fato de ter vida. Agora, não me venham dizer que “boa-conduta” é medir-se que falarei estas verdades que revoltosamente escrevo. Sou feliz, sou assim, eu simplesmente sou. Não me venha com convenções, condutas, medições, regulagens. Não se mensura o poder de uma borboleta que venceu sozinha seu desafio de sair do casulo. “Descapsulou” interiormente suas verdadeiras vontades, seu verdadeiro eu, sua verdadeira e sempre almejada maneira de ser. Vivi uma Borboleta, vivo uma borboleta, eles que não enxergam minhas asas.

Ciclos

A chuva cai O pedreiro trabalha A criança chora Os velhos relembram passados Os amantes se amam O motorista dirige O poeta vive Por tudo isso a vida é vida E cai a chuva E trabalha o pedreiro E chora a criança E relembram passados os velhos E se amam mais ainda os amantes E dirige o motorista E O poeta vive. A chuva ameniza O pedreiro descansa A criança se acalma Os velhos resolvem ver o agora Os amantes se amam com mais intensidade do que nunca visto O estaciona o motorista O poeta vive Se tudo tem seu ciclo, por que o poeta não o segue? Porque é enfeitiçado pelo poder das palavras. Porque sua vida é viver, sentir e escrever. Não necessariamente nessa mesma ordem. Se seguir seu ciclo, ele morre. O mesmo não se conforma com esse injusto fim. Já viu algum bem-dizer essa que o priva de escrever? Digo, de viver. A única regra que aceito é a de respirar, pois só assim posso viver, sentir e escrever. Quando não quiser mais a obedecer, solução fácil, vou-me embora daqui.

domingo, 24 de junho de 2007

Devaneio de felicidade

à Ivana Carneiro Botelho e Fernando Pessoa
Embriaguez de felicidade, excesso de devaneio, frenesi de sentimentos! Embora Colombina sem Pierrot, apenas o fato de poder amar já liberta minha alma. Assim escrevo estas festivas palavras, uma parcela de minha felicidade, uma forma de expressar meu coração. Com uma pitada de loucura em minha prudência, liberto-me de quereres e me tomo de poderes. Foi numa espécie de estado de mudança feita pelo vento, junto com o lançar-se no incerto ao navegar, que navego em mim em cada instante. Assim como o estado de mudança impulsiona esse meu lançar-se no incerto, o vento impulsiona as velas de uma nau. Navegar é preciso, e é minha vontade de poder que me encoraja. Estou comandante de mim, tripulação da minha paixão, nau no mar revolto de minha alma.Que meu carnaval se torne eterno enquanto dure, que só tenha fim quando me for privada do devaneio dessa felicidade. Se brincar de ser feliz só cabe às crianças, serei menina até o fim de meus dias, pois sou poeta e estou livre para amar.

Metalinguagem de mim

Ser poeta é significar seus sentimentos, suas paixões, seus afetos. Significar o oculto da alma, compor o que está no coração. Assim como tocar uma sonata é ler um soneto. Assim como compor uma canção é escrever uma poesia. Ambas mostram o que tenho dentro de mim. Ambas me despem do meu interior, me elevam ao mais alto prazer de libertar-me, seja dos sentimentos, seja das paixões, seja dos afetos. Escrever em um papel, nem que seja em rabiscos, nem que seja por garrancho, nem que seja por tecnologias. Ser poeta é apenas ser. Uma arte expressa pelo que nos caracteriza humanos. Posso cantar cantigas de amor que cantarei poesia, posso esbravejar com a ira, mas falarei poesia, posso simplesmente ficar inerte, e ainda serei poeta. Assim é criar em minha mente o que meu coração completa. Assim é criar a metalinguagem de mim.

terça-feira, 19 de junho de 2007

O que virá

O que virá trará consigo o sei lá o que nunca visto. Me abandonando de mim, fazendo me esquecer no que sou como espelho. Me libertará da vida de Iara lançando seu feitiço contra mim, seduzindo-me a cada olhar. O que virá me terá como a pureza impura de uma lírica de amor. Transformará minha melodia menor em arranjos maiores, compondo uma bela sonata ao brilho de nossos olhares se tocando pela primeira vez, pois não se conformarão apenas com o encontro. Será infinito como os desejos dos homens. Será em mim o que serei nele. Seremos juntos o que jamais fomos um dia. É parte de mim. Trará consigo uma parte de minha alma, aquela que me inquieta, que me anseia, que me angustia pelo vazio que agora me faz. O que virá será para mim como serei para ele. Seremos um para o outro como ninguém até agora foi. O que virá está perto, eu sinto. Meu coração palpita pela proximidade que se faz real nas duas vidas. Basta saber se o que virá saberá que sou eu que venho. Por tantos outros passei despercebida e tantos outros despercebidos passaram por mim. Porém tenho a esperança de que minha alma gritará ao encontrar com a dele. Ambas já se clamam há tempos. O momento será mágico, será belo. Por agora é desejo. Por agora, pois ele vem.

O exorcismo de Iara

Iara, desapodere-se de mim. Minha doçura é seu canto. Minha meiguice é seu veneno. Com os alheios, cativa suas almas e despresa seus corações. Não sou eu, escute bem! És demônio, Iara. Te apoderates de meu corpo. É a sede de poder que explica teus atos. O que faço não é meu. Me possui, e por mais que me agrade a conclusão dos fatos, eu me culpo pela negligência posterior. Vá embora e não volte mais! Eu ordeno que não destrua mais um coração cativo! Os afetos são flores que quando presentes encantam os jardins do ser. Quando desacreditados detonam os brilhos dos corações. Por isso, Iara, te imploro. Não te aproximes mais de meu ser! Deixe-me cultivar os corações de minha maneira! Teu castigo será tua solução. Gravarei teu canto e escutarás. Encantarás a ti mesma e terminarás como Narciso. Viverás sozinha e me trará a liberdade de viver a completa felicidade.

terça-feira, 12 de junho de 2007

DesAções

Pela janela da rua ela passa, com seu jeito de andar cativante, instigante. Pela janela da rua ele a observa, como um tesouro a ser conquistado. Pela porta ninguém passa para tomar uma atitude. Até que ela passa. Até que ele se cansa. Pela porta do coração ela espera alguém que a queira devidamente. Por ela, seu jeito de andar não instiga ninguém. Por isso ela passa, por isso ela vai. Pela janela do querer ele observa até achar alguém que o queira. Por ele, ninguém o quer e jamais quererá. Os tesouros viraram objetos inconquistáveis. Até que ele se cansa, por isso ele vai. É tudo culpa da vida, dizem os dois.

Escrito no céu

Aflita está ela, soluçante, ansiosa por um sei lá o que nunca visto. Sozinha está ela sem querer se abrir, pois acha fúteis demais as coisas que anseia falar. Até que ela vê seu nome no céu, escrito por um alguém. Será quem que escreveu? Alguém que a queira? Ainda aflita, soluçante, ansiosa, porém realizada. Seu papel foi cumprido, embora não concretizado. Mas isso não importa, diz ela. Por tantas vezes olhava para o céu e só via rabiscos. Agora ela vê seu nome, escrito por alguém que já a realizou.
Ela busca mais, busca o que sabe q não vai alcançar. Por que contina? Porque sonhos existem.

Umbigo cicatrizado

Eles gostam de a ter, mas não a tem. Eles gostam de retribuição, mas é pura cordialidade. O prato está vazio e solitário à mesa pois as asas se foram abertas. Ela volta, mas não é a mesma. A criança já não se é mais. Mas somente para eles que não se deram conta de que não a possuem, pois ainda estão com o cordão sangrando. Não se domina um ser livre. Se pensa tal absurdo. Não seria mais fácil encarar os fatos? Os peseudo-donos estão presos ao berço. Cegos, ou quase cegos, pois acham que a sombra da criança é a própria, mas ela se foi. Não a chame mais com consoantes. Não a regrida ao que não é! Inevitavelmente suas asas cresceram. Nada mais se há de fazer para impedir. Apenas seguir o curso. Carry on. Quanto mais se sufoca menos se tem, menos ela volta. Seu umbigo já cicatrizou.

sábado, 26 de maio de 2007

Aos meus verdadeiros amigos

Tomem conhecimento de que parte de meu coração pertence a vocês. Saibam que isso que acabo de dizer me é de grande importância. Meu coração é o que me dá forças para viver. É a caixa de ouro de meus sentimentos, dos mais supérfulos aos mais profundos. É onde guardo todos os sonhos. Lá estão todos os meus medos, minhas angústias e meus motivos para sorrir. É o fundo da minha alma, minha energia vital. Não se incomodem com as cicatrizes, mas qual coração não as possui? Cicatrizes essas que vem sendo sanadas juntamente com seus corações. Portanto, verdadeiros amigos, cuidem bem de suas moradas, pois tudo na vida é frisson, exceto os seus lugares e importâncias dentro de mim.

Ecdise interior

O tempo se passa e nem me dou conta de que já estou mulher. A menina, que dentro de mim se acomodou, insite em tomar o lugar da mulher que floresce. Calada, ela usurpa a cada instante a essência daquela que impera exteriormente. Não se importa com as gotas da chuva, muito menos com os raios do sol. Por favor menina, não se mantenha no lugar daquela que se manifesta. Que este meu processo de ecdise interior não se faça perceber àqueles que pensam que já sou mulher.

Os falsos circenses

Algumas vezes na vida precisamos fingir que batemos palmas para os palhaços que ainda não se deram conta de que fazem parte de um circo, ou, se deram, pensam que agradam a todos com seus showzinhos.

PerguntAções

Se um dia me perguntassem se sofri, responderia que sim. E diria mais. Agradeço ao sofrimento por me dar a sensação de vê-lo ir embora. De ver a luz do sol nascer em meu coração. Se um dia me perguntassem se amei, diria que não. Ou não diria nada. Tal flor ainda não brotou no fundo de minha alma. Seria hipocrisia responder que não, pois como negar algo que não sei do que se trata? Se um dia me perguntassem se sou feliz, responderia com um intenso brilho no olhar. A felicidade não necessita de palavras para descrevê-la, apenas de um coração aberto para hospedá-la e olhos para transparecê-la. Se um dia me perguntassem se chorei, responderia com um belo sorriso nos lábios. Minhas lágrimas purificaram minha alma, me permitindo sorrir. Porém, se um dia me perguntassem porque sorrio, diria que foi o fato de não saber ainda o que o amor, de ter sofrido, de ter chorado, e ainda assim, ser feliz.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Propósito

Sonhar, viver e ter a eternidade, esse é meu propósito! Ter um sonho e alcançar, depois outro e alcançar, até ser eterna! Viver no agora não me é prazeroso, pois o mesmo já não se é mais em um instante. Sonhos são eternos, porque por mais que os alcance, eles nunca deixarão de ser sonhos e sonhados.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Mutatória beleza

Necessito transcender a imagem presa numa casca, que já não mais é a mesma de primaveras e verões passados. Imagem tola. Achar uma faísca do que sou dentro de um corpo que esconde nas entranhas uma menina perdida, que se foi por não mais compatibilizar com o exterior mutatório. Não acho lúgubres tais palavras que hoje sobriamente digo, embora sombreada hoje esteja. Casca mutável, o que fizestes com tal menina perdida na escuridão de um ser? Não entrastes em harmonia com tal beleza, cuja própria não se vê? Cansada está a pobre menina perdida. Substituída por ensandecida mulher, que busca sua sinonimidade antagônica, evoluída por não saber onde sua pura beleza está.

domingo, 13 de maio de 2007

Você consegue viver desse jeito?

Sim. Sou eu, sou assim, sou agora. Vivendo e não tendo vergonha de me expor à protótipos de pessoas do mundo plastificado das aparências. Sou nesse instante e no próximo, e neste, no próximo. Assim vivo. Sendo alma, sendo calma, sendo a palma das mãos de uma mãe que aconchega seu filho.
V o que estou sendo. I tendo. V querendo. O vivendo.
Assim eu sou, assim eu tenho, assim eu quero, assim eu vivo. E você?

sábado, 12 de maio de 2007

Drummondizando

Sinto viver uma vida que penso não ser minha. Vir a este mundo por um acaso não passa por minha cabeça. Sei que tenho uma missão a cumprir aqui, e que só me vou após cumpri-la, por mais que ir embora já tenha passado no meu pensamento. Posso ser de extrema presunção, mas me considero uma criatura diferenciada, uma espécie de "anjo torto", que me desculpe Drummond. Prazeres que jamais senti penso serem proibidos a mim. Quando os tenho, uma culpa me invade e sempre alguma coisa anormal acontece. Por isso tal presunção. Ora, se já me disseram que sou um anjo, que meu "brilho resplandece", não devo eu, então, pensar tal absurdo? Música, minha paixão. Pudera eu agora escutar o som de cordas de cobre acionadas por epitélios em marfim. Sim, sei que falo coisas que você não entende, mas, por favor, pelo menos aqui, esqueça que sou uma espécie de "descanso" e deixe-me ser quem eu sou! Um dia fiquei sabendo que nem mesmo me chamando Raimundo seria uma solução, apenas uma esdrúxula rima. Então de que adiantam os Josés, as Marias, os Pedros e tantas outras insignificâncias? Tenho que ir embora. Apenas queria relatar que meus atos dizem respeito só a mim, enquanto não envolvem segundos ou terceiros. Não julgue estes relatos como idiotice, pois só idiotas fazem tal feito.
"O homem é o lobo do homem." (Jean Jacques Rousseau)

Criança mulher

Não necessita a mim ser a mulher avassaladora, fatal, que encanta com o jeito de andar. Todavia não preciso ser a criança eterna com inocência feminina, pureza encantadora. Sim, sou uma e sou outra. Posso e sou a mistura desses dois rios tão antagônicos, mas gerando um único ser, uma única maneira de viver. Devo ser e sou a harmonia presente numa avassaladora menina que encanta. Não me interessa opinião alheia, mas não me importo em ouvir barbaridades, mesmo interiormente sabendo que são lamúrias disfarçadas. Importa a mim, conhecer o lado fatal da criança que sou eternamente.

Cariótipos

Cariótipos criados pelo homem, muitas vezes canibais avassaladores. Na maioria, pequenas tempestades que inundam o interior dos mesmos, buscando incisivamente agradar um “sei-lá-o-que” nunca colocado no papel. Nunca obrigados pela lei e nunca estáveis, cariótipos cobrados por uma sociedade pacífica. Pacífica? Melhor dizendo, uma sociedade passiva que inibe o “jeito-de-ser” da pobre casca, caçando uma paz-interior que já não existe mais. Por causa de cariótipos, regras, obrigações. Agora me sinto mais bela, por transparecer minha casca e me livrando de cariótipos inúteis. O que? Cabelos lisos com mechas loiras! Preciso correr. Agora, com cabelos lisos e minhas inúteis mechas loiras.

Paradoxo

Como pode um conjunto de fibras doer tanto em um ser humano? Um órgão que cabe nas palmas das mãos, e pelas mesmas machucá-lo tanto? Pior que o sangue vivo escorrendo de um ser é a dor que dói e não se sente. Coração é o nome dele. Pobre conjunto fibroso. Por que dói tanto dentro de mim?

Súplica

Gostaria de por um dia ser amada. Minto. De que importa amar por um instante? Gostaria de ser a paixão de quem me interessasse estar apaixonado. Esta é minha sina. Minha alma tem sede de emoção. Meu corpo implora por reconhecimento. Juntando os dois últimos eu me formo. Um ser praticamente anônimo para quem desejo que me veja. Gosto de ser cobiçada, porém adoro a realidade, não vivida por mim, mas por outros. Desejo ser conquistada. Por mais que espere, perco a paciência e vou à luta. Contra quem? Contra eu mesma. Lanço mão do meu orgulho e começo meu show. Mas, de que isso importa? Sou procedente do platônico mundo das idéias. Sou caçador e sou caça. Duas porém uma. Sou o que estou sendo. Sou uma lua à espera da luz do sol para brilhar, pois o céu seria muito chato se só existissem as estrelas. E te chamo mais uma vez para perto de mim. Espero que minhas súplicas não se percam no vazio da vida. É isso, é fato, é espera. Só quero que não seja, ao final, pura e imensa ilusão. Só quero sentir sem precisar superar, e sim evoluir.

Feelings and dreams

Sim, imagino myself andando, despertando o olhar de alguém que me trará muita felicidade, que me ame e seja retribuído (que fique claro). Fico pensando no que eu fiz de errado, ou seria melhor no que eu não estaria fazendo de certo. Quando me dei uma chance, tropecei nela. Será que sou "inamável"? Senhor, perdoa-me pelo meu pecado, mas tente compreender o que eu sinto. Ajuda-me a encontrar essa pessoa! Sonho, sonho, sonho...nem platão imaginaria pessoa mais pertencente ao mundo das idéias que eu. Gostaria de sentir o que minha alma sente. Essa emoção, erupção de sentimentos. I'm so mad i did't find this. I'd be so glad if i found it. I wanna feel your touch all over my soul, like i've nerver had a body. Hug me tight and don't let me go away.. alone and by myself. I remember caressly about that day.. .Give me a break! I'm gonna find myself someday, somehow. (I suppose that this may have some mistakes)

Wish

Quando o ter mais significativo não é alcançado, qualquer outro ter é insignificante. Isso é o que acontece quando uma pessoa caminha sozinha pelos jardins da vida. Nem as rosas, muito menos as margaridas são suficientes, pois o cravo que tanto procuro meus olhos ainda não conseguiram alcançar. Busco pelas fotos, pelo espelho, até ser comparada a narcisista. Narciso porém pecou por excesso de ego. Eu peco por não saber nem qual ego procuro. Deixe viver, deixe passar. A vida é curta. Carpe diem já foi ultrapassado. Agora é just now.

Auto-significação

Melancolia. Seria este meu verdadeiro nome? Receio que sim, mas espero que não. Sou como Mona Lisa e seu misterioso sorriso. Espero que consigam desvendá-lo, assim entenderão o que digo. Inconstante seria meu sobrenome. Peralta alegria que me invade e depois se esconde, mostrando a todos os meus verdadeiros desejos não alcançados. Daí lembro meu nome. Esperança seria meu apelido. Onde está o escultor da minha alma? Desculpe-me mestre da razão por excelência, mas "penso (demais) logo existo". Minha proveniência é platônica cartesiana, onde somente vivo no mundo das idéias, pensando, apenas existindo. Quando viverei no concreto? Sinto que mudaria de nome.
Felicidade iria me chamar. Amor seria meu sobrenome. Amada seria meu apelido.
Desconsidere estas palavras, são apenas desejos de quem nunca existiu na vida que deseja. (Inconstante seria meu sobrenome).
Mulher, menina madura que insiste em se mostrar no tempo. Casca, pois criança ainda é no interior de mim. Hipócrita, pois ainda vivo no universo dos prazeres que nunca senti. Insaciável, pois rouba o olhar de pessoas e despreza seus corações. Iludida, pois jamais existiu verdadeiramente neste vasto mundo, apenas desejou transparecer em uma menina com alegria peralta, alma de flor, desejos alienados neste mundo solitário, que é só seu, pois ainda vive sozinha, insaciável, hipócrita. Apenas rima, e não solução.
Prazer, Melancolia.