
Meu reino é de quatro paredes, tão belo, escuro e quente. Meu chão, só meu e tão refrescante, me acalma nos momentos descontentes. Meu trono, vermelho e macio, me mostra na janela virtual da minha vida.
O possível, que tanto quero e que tanto desprezo, é inconstante como a valsa do meu viver, como meus livros brilhante e vistosos, minha música esquecida no armário, minhas fotos de passados remotos. Estes são pedaços de meu reino encantado.
Meu leito é firme e macio, me abriga nos momentos de cansaço e ardor. Meus espelhos, francos e longos, mostram a mim a casca produto de meu interior. Minhas roupas nunca suficientes são como jóias e acessórios de passados esquecidos. Meus sapatos, marrons, pretos e dourados, são meus falsos pés nos territórios assombrados da selva do mundo real.
Meu reino é de quatro paredes, duas portas de puro porvir; uma janela por trás da cortina, oculta. Meu reinado que abriga as minhas vontades, são nos pensamentos que descubro o mundo; os meus sonhos me alimentam para a vida.
No meu reino de quatro paredes as possibilidades compõem a realeza. Os desejos governam pela rainha, a qual espera por um rei que não existe, pois nenhum nobre será digno de sua realeza.
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