sábado, 25 de agosto de 2007

Mais um anoitecer na Costa

Sábado, 21 de Julho de 2007.
Um dia comum, com um céu azuladamente claro. O Sol chega a gritar de tão esplendoroso e, como os dias, existem também os anoiteceres. Estou em frente à imensidão azul, estou na praia, estou no mar. Pensando no que sinto, indagando se veio de súbito ou se só me dei conta de tal pensamento agora. Avaliando o que sou e o que fui. O mar se expressa nesse exato momento como estou. Revolta, agitadamente instigada. Tento avistar o horizonte, mas só enxergo a mim mesma, infelizmente. As areias, tão sóbrias e pálidas, imploram pelo reconhecimento dessa grandiosidade à minha frente. Agradecem ao vento pelo aconchego tátil, elas que são tão esquecidas. Que bela é essa grandeza azul, que canta nos meus ouvidos uma canção que só os apaixonados ouvem. A revolta chega a ser suave, as ondas não se cansam de cantar. Que eu seja como essa imensidão de emoções, que com o mar eu aprenda a amar. O Sol se despede com penosos raios, os quais vejo cada vez mais amarelos, dos quais sinto cada vez mais pena. O céu vai se vestindo de negro com diamantes estrelares, à espera da tão melancólica e apaixonante Lua, a qual de tão amarela, chega a ser azul tão. Que com toda sua imensidão exprime, em cada extremidade sua, o penar sobre os que a admiram. E o Mar, que de dia se fez tão azul, se enegrece, se adormece e se recolhe, para que no final e quase ausência de madrugada, grite revoltosamente, ensurdecendo ainda mais a realidade daqueles que se amam, embalando ainda mais o sono daqueles que dormem. O culpado é o Vento que, de tão solitário, se encontra com tudo, com todas as coisas. E ainda assim é sozinho, e sempre será. À medida que o Sol se vai, a praia é dos apaixonados, sejam dos frustrados, dos esperançosos, dos em stand by, ou mesmo dos que vivem intensamente uma paixão. Como é bela a praia se despedindo do Sol. O vendo chora, fazendo a grande imensidão se manifestar, cantando uma melodia de adeus. Venho à Costa para ficar comigo mesma, não falar nada, fitar a vida, sonhar. Escuto as lamúrias do choro da menina triste, vejo a alegria sortida do menino criança, sinto a nostálgica juventude dos velhos a conversar. E eu, com uma arma tão poderosa e desastrosa no peito, a despir um por um de suas cascas, como um autor de uma obra verídica, a qual é composta apenas de almas. O Sol vai descendo tristemente, se mostrando alegremente em outro lugar, com a alegria de simplesmente estar ali. Mais um casal passa à minha frente, e a menina que chora enxuga mais uma lágrima a expressar uma lacrimosa e nostálgica inveja dos dois. Sim, são demasiado melancólicos esses escritos, mas são de extrema melancolia os cantos do mar tão azul que, por causa do vento, se despede do sol. Esse que mais uma vez se vai.

Nenhum comentário: